domingo, 13 de novembro de 2016

Quando a urge de viver é suicidar-se

Não posso creditar inexistência ás carcaças dos outros, ainda que seja o que todos mais me estimulem a fazer, afinal o conhecimento da falta de valor destes, me permitiria a tomada de ações sádicas e pertubadoras demais. Portanto, sempre é mais saudável ater-se somente a invalidez dos homens da terra, vendo-os como incapazes, ou até mesmo brutos recém-nascidos afim de manter a sanidade mental e fluxo do cotidiano.
Mas é importante ter em mente que você sabe esse segredo, e,  que quaisquer ação que você tome quando não está sozinho, é irreal, sendo, tão somente mera caracterização de um personagem falso, criado para o convivio e bem-estar social. Repare que isto não é um sacrificio, afinal, se fosse, seria eu inclinado à depressão, contudo, é na verdade um monumento a si mesmo, uma valorização estupenda do próprio ser, uma atitude sui generis de permanecer são e, genuinamente, verdadeiro, nunca falseando quem você é plenamente, assumindo que a impossibilidade de escape da tristeza é uma realidade que lhe permite vestir uma máscara quando esta lhe atormenta.
E quando me vejo no meio da gente, é que se repara a falta de gana. Mais verdadeiros como nunca vejo! Eles não percebem isto que descrevo e vivem a tristeza como um todo, e, sim, desta forma, sacrificando-se para o momento, cedendo-lhe suas almas, sendo tragados pela realidade que não perdoa quem se expõe de fato, sugados para a infinitude do esquecimento, transformados em quaisquer um e uniformizados.
Me entendam, por fim. Esta é a realidade do sacrificio pela impressão. Quando se vês numa sala, e nela exista alguém através da qual você não é capaz de ver sua entidade, esta é uma dentre milhões. Todos os outros que se percebem rapidamente, que se entendem sem antes deixá-los falar, que logo se ignoram, se odeiam, antes de dar-los oportunidades de convencerem-nos, não mais existem. Estes cederam suas personalidades ao público, e é por isto que percebem-se tão facilmente, estes tornaram-se quaisquer um. Aquele que é indefinivel, vê-se logo sua máscara, este é um sobrevivente, um escondido, um infiltrado.
Viva para encontrá-los. Enquanto isto finja e camufle-se também. Veja que os outros vivem para expôr-se e mostrar-se, que vivem para misturar-se e deixar de existir, que nasceram para serem fagocitados pelo povo e tornarem-se indistinguíveis no meio deles. Perceba que vivem, portanto, para matarem-se individualmente, numa urgência em suicidar-se. E entenda rápido, para ir atrás daqueles que resistem.